As aventuras de dois gatinhos vira-latas Brasileiros em terras Canadenses

Sunday, May 10, 2015

1 mês de Canadá (e feliz dia das mães)

Hoje é dia das mães. A data em si é mais simbolíca, é só uma formalidade, porque saudade de mãe é todo dia, não espera o calendário.

Hoje também faz exatamente 1 mês que desembarcamos aqui (sem mães, hehehe). Mais um marco no calendário, mas a comemoração aqui também é diária (porque as lutas e as conquistas também são).

Mas só pra não deixar passar em branco, vou fazer um post contando como foram nossos primeiros dias aqui, a viagem, o desembarque, as novas prioridades que tivemos que atacar...

A viagem foi longa (and I mean, reeeeeaaalllyyyy longa) mas tranquila: Os gatinhos, devidamente embalados e nocauteados por umas gotinhas muito doidas de calmante, quase não se manifestaram (o Sancho, que é o gato mais de boas do universo inteiro, ficou lá, relax, dormindo, tão calminho que nem demos a segunda dose das gotinhas, mas o Pepe começou a reclamar mais pro final das 30 - TRINTA - horas de viagem, mesmo com o calmante). A gente ia ter que ficar 6 horas esperando a conexão em Toronto (não existem vôos diretos Rio-Vancouver, e tivemos que pegar um vôo um pouco mais tarde de Toronto pra Vancouver por causa dos gatos, e alguma questão de número máximo de animais na cabine por aeronave) mas o mau tempo impediu o pouso em Toronto e tivemos que ir pra outro aeroporto e ficar rodando por lá (dentro do avião) até melhorar a situação lá, então quando chegamos de volta em Toronto foi só o tempo de fazer a imigração correndo e embarcar no nosso vôo (que afinal acabou por ser bastante sorte termos tido que ficar nesse vôo mais tarde, porque o resto dos passageiros todos tiveram que ir lá remarcar suas conexões... Obrigada gatinhos!) Mas com esse atraso e correrias não conseguimos comer nada no aeroporto e nossa conexão pra Vancouver era dessas mequetrefes que de graça só água e olhe lá, então tivemos que comprar comida no avião, e eu inventei de pedir uma sopinha (a coisa mais barata do menu) que no fim das contas era um cupnoodles light com gosto de absolutamente NADA! (nem sal tinha naquela birosca... cupnoodles light.... era só o que me faltava mesmo!)

Conclusão, chegamos em Vancouver do avesso de fome, mas ainda tínhamos muitas prioridades pra resolver antes de poder sequer pensar em comer: Pegar as bagagens pode parecer uma etapa fácil e normal, mas tentem, apenas tentem, andar por aí com duas malas gigantes (e socadas até o talo), uma em cada mão, e um gato a tiracolo. Normal e fácil não são mais as palavras que vêm à mente né? E ainda tendo que desviar de obstáculos e daqueles benditos pirulitos metálicos que ficam pelo chão do aeroporto pra não deixar passar os carrinhos. Bom, por sorte eu fiquei com o Sancho, que não pareceu se importar nadinha com as cacetadas acidentais que aconteceram pelo caminho até o Hotel. Sim, meus queridos, sim, o CA-MI-NHO até o Hotel, porque a gente pegou táxi? Nããããooo... A gente é pobre, lembra?! Metrô e uma belíssima caminhada up the hill, that's what we got. Eu, o Tiago, nossas 4 jamantas de rodinhas e nossos dois filhotes, pegando metrô e andando por 5 quarteirões até o Hotel. Por sorte eu não estava nos meus piores dias de coordenação motora, então fora uma entalada ou outra entrando e saindo dos elevadores, e uma das malas que insistia em tombar se eu soltasse a alça por meio segundo sequer, o trajeto foi percorrido com sucesso e sem (muitos) acidentes!

Aí faz check-in no Hotel, demora, espera, morre de fome, cartão de crédito do Brasil não funciona, vem a Gerente, "Não, não pode ser dinheiro, precisamos de um cartão de crédito", tenta esse, tenta aquele, morre de fome, espera, consegue algum deles finalmente, e pronto: Temos quarto! Soltamos os gatos no banheiro, demos água e fomos sair em busca das prioridades dos gatos (bem no espírito do dia das mães: Tem que cuidar dos filhos primeiro antes de cuidar de si). Encontramos uma petshop aberta e compramos "cama mesa e banho" pros gatinhos (ração e guloseimas, potinhos de metal, areia e caixa de areia). Serviço completo pra mimar eles depois de tanto sufoco fechados numa sacolinha de pano por mais de 1 dia inteiro (fora uma breve escapada pra esticar as patinhas no banheiro do avião). Aí sim, depois de alimentar as crias fomos nós matar nossa fome no Red Robin com um mega-cheese-burguer-boladão-de-cogumelos-e-muita-batatinha-pra-acompanhar!

É, todo mundo já sabe que minha barriguinha é meio sensível e temperamental, então, digamos que essa farra de junk food recém desembarcados do avião talvez não tenha sido a melhor idéia... Passamos num shopping na volta pro Hotel: Tiago queria dar uma olhada nos celulares e eu queria dar uma olhada no banheiro, e quando eu voltei pra encontrar com ele (não, não demorei taaanto assim) ele já tinha feito um plano de celular, já tínhamos dois números canadenses e dois aparelhos de graça. HÃN?! Como assim? Hahahaha. Só aqui mesmo (e só o Tiago mesmo). A gente não tinha nem endereço, conta no banco, ID, nada. Mal tínhamos saído do avião, for Christ's sake! Mas ainda assim, conseguimos assinar um plano de 2 anos na Roger e sair da loja com 2 celulares moderníssimos sem pagar nada por eles (pra não dizer que não pagamos nada, deixamos 100 dólares de depósito, só porque não tínhamos conta no banco, mas esses 100 dólares vão virar crédito para pagar nossas faturas)! Igualzinho ao Brasil...

Nessa noite mesmo, já com nossos celulares novos (e nosso jet lag de várias horas), ficamos olhando opções de apartamentos pra alugar, para tentar resolver essa questão à moda canadense: Rápido! Agora! Pra ontem! No dia seguinte de manhã ligamos pra geral, mandamos uma porrada de e-mails e já conseguimos marcar 4 visitas: Duas pro mesmo dia (Sábado) e duas pra Domingo. Aí é que começa a graça, hahaha

Colocamos no google maps o endereço da primeira casa a visitar e lá fomos nós: Metrô e ônibus e a vizinhança foi ficando cada vez mais eclética... Mesquitas, Centros Comunitários para imigrantes do Leste Europeu, restaurantes de culinária africana... Mais um tempo no ônibus e a paisagem mais e mais "diversificada" (nesse ponto já estávamos passando por strip clubs, casas de empréstimo/penhor e lojas meio duvidosas). Aí em frente a um posto de polícia gigantesco era nossa parada (ok, pelo menos deve ser seguro, hahaha), e fomos subindo uma rua normalzinha, com prédios antigos de 3 andares, e pensando "Well, not so bad", mas o google maps insistia em apontar para um quadradão bizarro no meio de um terreno mal cuidado. Eu: "Ah, com certeza tá apontando errado, deve ser um desses prédios bonitinhos do outro lado da rua". Não era. O """prédio""" que íamos visitar era um bloco nojento de concreto e madeira podre, com janelas quebradas e lixo na frente. E o lado de fora era até mais bem conservado que por dentro, hahaha. Vai parecer mentira, mas juro que não é: Chegamos lá pra visitar junto com uma assistente social e seu "case" (uma mulher que devia ser louca, ou mendiga, ou, muito possivelmente, os dois). É, estávamos considerando o mesmo apartamento que a assistente social considerava para alojar uma sem-teto: E ela recusou! HAHAHAHAHA (elas entraram primeiro e a mulher saiu de lá 15 segundos depois falando "É nojento, vocês não querem nem ver, é muito nojento". E era mesmo, mas, a gente, sempre tentando manter um otimismozinho básico, levou pelo lado "Ah, pelo menos é espaçoso.... E depois quando a gente tiver condições de se mudar daqui pelo menos vamos apreciar bem mais o próximo lugar". Como esse era o primeiro que estávamos visitando ficamos com um certo receio de que os outros fossem ser no mesmo nível, então já fomos tratando de nos acostumar com a idéia (se é isso que cabe no nosso orçamento, então é isso que vai ser e não adianta nada ficar se sentindo infeliz com a ideia).


Primeiro local visitado (Muquifo dos sem-tetos)


Mas aí o segundo local era lindo, muito lindo mesmo, um apartamento bem grande, num prédio antigo numa vizinhança toda fofa e cheia de velhinhos, com metrô, farmácia, supermercado e restaurantes tudo super pertíssimo. E mais ou menos pelo mesmo preço do muquifo da sem-teto! Go figure... Ficamos MEGA empolgados com esse apê (especialmente depois de termos visto o primeiro, hahaha) e já começamos a tratar de providenciar a papelada pra alugar (ainda tínhamos 2 pra ver no dia seguinte, mas como queríamos resolver isso logo, não custava nada já ir adiantando a burocracia desse apê que a gente tanto gostou - e depois do susto do buraco de cimento podre, não queríamos dar bobeira e perder um lugar legal). Na volta pra casa passamos na London Drugs pra comprar um computador (sim, é isso mesmo, compramos um notebook na farmácia, hahahaha... Só aqui mesmo, muito North America isso, a farmácia vende de tudo, cuecas, batatas fritas, aspiradores de pó, brinquedos, pizzas congeladas, eletrônicos, e até mesmo remédios!) e de volta ao hotel já começamos a preencher as coisas e arrumar todos os comprovantes (de renda, de antecedentes criminais, referências da nossa mui amada ex-landlady, etc e tal).

No dia seguinte nossas duas visitas foram: Um apartamento todo bacanoso no porão de uma mansão absurda num bairro de milionários, e um flat no último andar de uma casa muito louca no bairro dos maconheiros roqueiros doidaços. Não podia ter conseguido uma amostragem mais variada, hahaha. O porão era legal, com acabamentos luxuosos (torneiras, armários, banheira, maçanetas, tudo de primeiríssima) e ia ser até divertido brincar de morar no bairro dos milionários, maaaaassss, como a gente não é milionário e o bairro não foi feito levando em conta a ralé, não tem NADA exceto mansões e criancinhas louras brincando nas ruas por quilometros e mais quilometros (tínhamos que andar quase meia hora só pra conseguir pegar um ônibus, e depois mais meia hora no ônibus até chegar num supermercado.... Imagina "Ih, acabou o papel higiênico"). A casa dos roqueiros chapados era uma maluquice: Tinha um elevador de metal estilo steampunk e vasos em formato de caveira na varanda (que era toda remendada com madeiras tortas e pedaços de acrílico), o quarto era na verdade uma cama cercada de paredes (uma delas sendo um janelão imenso), sério, não tinha chão, você abria a porta e já era a cama, e a cozinha era um amontoado de bagunças tão grande que era difícil saber onde ficava o quê. Fora isso, era uma sala (corredor?!) e um banheiro... E nosso landlord/roomate (o cara que morava no andar de baixo e que estava alugando o studio) estava tão, mas tão drogado que não conseguia manter os dois olhos abertos ao mesmo tempo e demorava 25 minutos pra responder nossas perguntas. Ainda damos muitas risadas lembrando disso... Não sei se essas coisas acontecem com todo mundo, mas nossa busca por uma casa foi realmente engraçada.

No final das contas, entre o muquifo no bairro dos puteiros, o porão no bairro dos milionários e o o flat no bairro dos roqueiros, acabamos ficando com o apartamento normal no bairro dos velhinhos... Segundo o Tiago, isso é um sinal de que estamos ficando velhos e sem-graça, hehe. Mas adoramos nosso apartamento, que já está virando um lar, um pouquinho a cada dia, e já pode receber vocês, todos vocês, que queiserem vir visitar (acomodações 3 estrelas pela bagatela de dois sacos de farofa!)

E agora vamos sair para dar umas voltinhas e aproveitar o fim de semana. Não percam no próximo episódio, a saga de mobiliar o apartamento!

Beijos enormes e um beijo mais que especial para as mamães, pelo dia de hoje!

6 comments:

  1. Cara vocês tem uma "sorte" para esses momentos peculiares viu!
    Dei risada do landlord completamente chapado!

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    1. É, acho que a gente atraí essas maluquices mesmo, hahaha

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  2. Hahahaha! Sensacional! Vcs dão sorte mesmo pra atrair boas histórias!
    Que bom que estão progredindo!

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    1. Thank you! Merci! Obrigada! :D

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