As aventuras de dois gatinhos vira-latas Brasileiros em terras Canadenses

Monday, June 22, 2015

E se anuncia a rotina

Hey meus fofos! Tudo bom?

Por aqui está tudo tranquilo... Um presságio de rotina se anunciando no horizonte, que até será bem vinda depois de tantas mudanças (literais e figuradas). Acabou mesmo a saga da panqueca-coreana-do-inferno e a vida agora segue bem mais livre, leve e solta (de verdade... por mais exercícios zen que eu praticasse no IHOP, ainda assim era um desgaste constante e diário, então só de ter deixado isso pra trás já tirou uns bons quilos das minhas costas - ou pounds, né, que aqui tem essa palhaçada também, hahaha). O Charlie's (câmbio) está bem animado com meu desempenho, tanto até que estão me pedindo pra trabalhar em todos os horários que eu tiver livres: Ou seja, ainda estou no modo SUPER-ULTRA-MASTER-FULL-TIME, hahaha! Mas como eu falei, só de não ter a pressão dos gritos-coreanos contínuos, está tão mais tranquilo que nem sinto essas horas todas trabalhadas (quanto tempo demora pra passar 20 minutos? Se você tomar 5 esporros nesse intervalo, believe me, vai demorar várias horas, hahaha). Então continuo trabalhando mais de 50 horas toda a semana mas estou achando bem tranquilo até (afinal, no fim de cada dia, por mais longo que seja, sempre tem um cup'a'tea, dois gatinhos cremosos e um chuchu me esperando - não necessariamente em ordem de prioridade... mas quase, hahaha). Acabo não tendo um fim de semana livre, e em alguns casos, como nesta semana, nenhum dia off at all, mas tenho alguns dias bem light - como hoje - em que só trabalho 5 ou 6 horas (em outros dias chego a trabalhar 10 ou 11 horas, haha). Mas estou gostando muito do trabalho no Charlie, o ambiente lá é ótimo, bem família mesmo, eles super acolheram a gente, são muito fofos, e o trabalho em si é bem legal até (poder ver dinheiros do mundo inteiro, e ainda brincar com aquela maquininha boladona que conta as notas pra você! Só diversão, hahaha), e a Sears é ok também, gosto da gerente e dos co-workers e o trabalho é bem basal, no big deal, então também nem sinto o tempo passar (muitas vezes eles tem que vir me avisar que já tá na hora do meu break, ou que já acabou meu shift, hehe). E além disso tem uma bela vantagem em trabalhar tantas horas: Meus paychecks estão vindo mais gordinhos - YAYYY- então já estamos na fase de colocar dinheiro de volta na poupança (que tinha ficado perigosamente magra por motivos de planejamento otimista + azares inesperados e gastos inesperados + somos mimados e não quisemos seguir um orçamento tão espartano quanto eu tinha idealizado, huahuahua).

E fora isso o que tem de novidade? Not much... Estamos nos adaptando à vida aqui, descobrindo onde comprar as coisas com o melhor preço (nossa maior dificuldade: Queijo pro Tiago e frutas pra mim - Mano, como assim 3 dólares em UMA MANGA!!!! Uma! Apenasmente uma única! Assim, tipo, descascou, comeu, cabou... 3 doletas! Me recuso!!!) Mas aos poucos estamos aprendendo onde e quando comprar as frutas (já tenho meu mercado favorito de fazer "feira" mas ainda só compro a fruta que tá na promoção, hehehe... Outro dia era pêssego por 69 centavos o pound: Comprei 3 kilos, comia 2 ou 3 por dia, fazia suco pro Tiago, foi bem bom enquanto durou, haha). Queijo foi mais difícil, até porque a noção de queijo deles aqui é bastante duvidosa. Plástico com corante, eu diria... Serve pra tapear, fazer um grilled cheese no máximo, mas se você quiser queijo de verdade, meu amigo, se prepare pra soltar a verba, que a brincadeira custa caro. Mas aí, um belo dia, fui numa delicatessen holandesa que tem aqui na esquina (que por self preservation instincts nunca tínhamos ido, haha) procurar uns benditos biscoitos que meu irmão supostamente adora, mas que na realidade NÃO EXISTEM, #prontofalei, pra ver se mandava pra ele pela amiga que estava aqui de visita. Claro, não achei os biscoitos-imaginários, mas achei uma bola deliciosamente gigante (sério, do tamanho de uma bola de futebol) de queijo holandês "vencido" (segundo a placa: "Outdated but still good") por um preço inacreditável! Foi meu presente de dia dos namorados pro Chuchu (nothing says "I love you" like a big ball of cheese). E sim, estava (ainda está e provavelmente ainda estará por um bom tempo) still good, so very very good!!!

E só pra fechar aqui com o que deixei suspenso no último post: E a praia? Olha, vou te dizer que adorei! E olha que eu fui pra lá com a maior má-vontade, eu admito. As praias aqui são feias, pra quem cresceu no Rio de Janeiro (eu diria até nasceu, mas nah, sou paulista de nascimento, hehe. Fun fact pra quem não sabia). A areia é grossa e escura, a água também, meio azul-amarronzada, nada convidativa. Feio mesmo, sabe? Mas, descobri algumas vantagens das quais gostei bastante: Essa areia feia e preta não gruda em você. Não gruda mesmo, sério (tinham me falado já, mas não acreditei até ver com meus próprios olhos/pés). A água é geladinha, mas honestamente, eu frequentava a praia da Barra então, nada de novo debaixo do sol... E por falar nele: Ô que delícia que é esse sol infinito até 10 horas da noite. A gente só chegou na praia às 5, e a areia tava morninha, o sol delicioso, na "quentidão" certa, não dá vontade de ir embora nunca, podia ficar deitada lá por horas! Ah, e a praia em que fomos era no Stanley Park, ou seja, fomos caminhando pelo bosque até chegar na praia e pelo caminho encontramos guaxinins, patinhos, castores e uma barraca vendendo cerejas orgânicas! Tem como ser melhor? Vou até botar umas fotos aqui, mas já sabendo que vão ficar uó do borogodó, então quem quiser ver melhor, olhe as que coloquei no facebook, hehehe.









Bom, e por hoje é só, pessoal. Até a próxima! Beijos no coração!!!

Monday, June 15, 2015

Correria

Oi, tchurma! Voltei!

Fiquei duas semanas sem dar as caras por aqui (e já até recebi cobranças de escrever mais! Que fofo!) porque estava numa correria muito louca... Logo no dia seguinte daquele último post, o emprego do Tiago (Charlie's Currency) realmente me chamou pra começar a treinar, mas disseram pra eu não pedir demissão por enquanto, porque eles ainda iam ter que ver se eu seria um good fit na posição, etc, etc, etc. Aí #comofaz? Fica com 3 empregos, né... O Hells Kitchen (IHOP) que ainda não tinha largado, o Sear que já tinha começado, e o Charlie que estava treinando... Para exemplificar minha correria: Uma pessoa que trabalhe part-time em geral faz de 10 a 20 horas por semana. Uma pessoa que tenha um emprego full-time cumpre em torno de 40 horas por semana (de 38 a 42). Uma pessoa desaparafusada das idéias que nem eu que ache normal tentar conciliar 3 empregos faz quantas horas? Nada mais nada menos que 55 horas em uma semana!!! Se juntar a isso os tempos de deslocamento entre um emprego e outro sobra o quê? Uma pilha gigantesca de louça pra lavar, duas semanas de noites mal dormidas e almoçando sanduíche no metrô e uma estranha sensação de não entender direito que dia é hoje! Tcharan! Mas consegui me virar, aguentei as duas semanas, recebi a carta verde do Charlie pra mandar a coreana chupar uma manga, me contive e não mandei, mas pedi demissão simpaticamente, e ela simpaticamente até nem me pediu para cumprir o aviso prévio (que aqui são só duas semanas, mas seriam mais duas semanas de maluquice extrema, hehehe).

Assim, eis que ontem tive meu último shift na Panquecolândia, e agora posso curtir a liberdaaaaaade! Tanta liberdade que hoje até estou de folga e vou aproveitar pra ir pra praia!!! Depois eu conto como foi...

Mas antes, como é que foram essas semanas de trabalho infinito? Conta pros amiguinhos que já estão pensando em desistir: Nãããão, não desistam não! Não vou dizer que foi fácil, supimpex, de boassa... Não foi. Mas foi a morte lenta e sofrível da exaustão suprema? Também não. Não sobrava tempo pra escrever no blog, ok, a casa realmente ficou meio descuidada, ficou (até porque nesse mesmo período o Tiago estava passando pelas provas de meio de semestre - midterms - e também não estava tendo muito tempo livre), o processo culinário que a gente normalmente curte se resumiu a comidas instantâneas e arroz de gororoba... Mas a gente até encontrou umas brechinhas pra curtir a vida aqui e ali (já que nem só de panqueca vive o homem). Consegui um dia inteiro magicamente livre no meio dessas duas semanas (uma segunda feira em que nenhum dos 3 empregos me requisitou) e fui conhecer a piscina pública da vizinhança (Uma delicía! Nada luxuosa, pequena, simples, mas absurdamente bem mantida e no meio, é claro, de um parque lindo e verdejante. Foi o dia zen que eu estava precisando!) Também fomos ver Jurassic Park no cinema, fomos jantar fora cozamigos num restaurante-castelo-presídio (era um antigo presídio, contruído em formato de um castelinho simples, e que agora é um restaurante/pub bem bacaninha e com uma vista espetacular)...

Os amigos, aliás, foram a melhor parte dessas semanas malucas: Teve a Ms Moore, que ficou uns dias aqui em casa, best guest award, segurou as pontas legal, cuidou da nossa bagunça, encarou nossas gororobas de jantar, e ainda foi mega fofa e leu minha alma, me dando o melhor presente que eu poderia querer neste momento: chiquezices para um delicioso banho de banheira que cura pernas cansadas e mal olhado num único e cheiroso mergulho (sim, já estreei, Vanessa!) Também teve o casal-sensacional Ju-Abreu, que vieram, como nós tínhamos vindo em Dezembro, visitar-com-segundas-intenções... Ele eu conhecia (ainda que pouco) e ela foi uma novidade muito bem vinda, adoramos! (agora é torcer para que as intenções deles se concretizem e eles venham ser nossos vizinhos, hehehe) Eles foram também os companheiros de mais algumas escapadas nessa nossa rotina doida, como um fim de tarde, depois de um full-day de Cinderela (pra mim) e de Faculdade (pro Chuchu), passeando no parque e fazendo um piquenique na companhia de patos que vinham pedir migalhas (patos gordos e americanos, porque eu dei fruta pra eles e eles esnobaram, mas comeram uma fatia inteira de bolo e um punhado de batatas fritas), uma visita ao observatório do planetário, pra tentar ob-observar (hipócritas disfarçados rondando ao redor? Não, planetas mesmo) mas aqui nesta latitude o dia custa a ir embora, e ficamos lá até as 10:30 da noite, mas o céu ainda insistia em ser azul-clarinho, e eu já com sono, e o povo já com fome... Aí vimos uns dois planetas meio claros demais e desistimos e voltamos pra casa, hahaha.

Mas resumindo as conversas: Trabalhei feito uma condenada, Tiago virou noites fazendo trabalhos finais e estudando pra provas (que aliás, permitam-me um pequeno parênteses de orgulho matrimonial, ele esta KICKING ASSES na faculdade, tirando as maiores notas da turma, e em alguns casos, da história da faculdade), mas ainda assim, com toda a correria, Life's good! A gente está curtindo muito e aproveitando o que a cidade tem pra oferecer de melhor, e com isso eu percebi uma coisa divertida: Quando a gente veio de férias em Dezembro, uma das coisas que mais nos chamou atenção, e que a gente sempre comentava, é como as pessoas, mesmo nos mais sub dos sub-empregos, sempre pareciam felizes. Lembramos até hoje de uma velhinha latina que nos pediu licensa para limpar a mesa onde estávamos sentados num shopping, e ela falou com a gente com uma alegria e uma simpatia, e ficou cantarolando e dançarolando enquanto limpava a sujeira da mesa. Isso tinha me impressionado muito, especialmente porque não era um caso isolado. Assim como essa senhorinha estava feliz, todos os motoristas de ônibus também estavam, e os pedreiros nas obras do centro, e as atendentes do McDonalds e os guardinhas noturnos, e a moça que limpa os banheiros... E agora que eu percebi que eu sou um deles! Eu sou a mocinha que limpa as mesas do restaurante de café da manhã e eu faço isso cantando Hakuna Matata! Porque? Porque mesmo eu tendo um sub-emprego (ou no caso 3, hahaha), eu aqui sustento um estilo de vida com esse sub-emprego que me permite esses momentos de lazer e alegria durante a semana, eu tenho qualidade de vida e segurança, eu tenho acesso a coisas e serviços de uma maneira planejada, organizada e desburocratizada... Porque nós, como eles, que em sua maioria são também imigrantes, viemos pra cá pra encarar isso mesmo, pra batalhar e fincar a bandeira, e vivemos uma outra realidade em outro contexto e sabemos apreciar as pequenas conquistas da vida... Enfim, porque apesar dos pesares, life really is good!

E agora deixa eu ir que a praia me espera! Love you all!