As aventuras de dois gatinhos vira-latas Brasileiros em terras Canadenses

Monday, June 15, 2015

Correria

Oi, tchurma! Voltei!

Fiquei duas semanas sem dar as caras por aqui (e já até recebi cobranças de escrever mais! Que fofo!) porque estava numa correria muito louca... Logo no dia seguinte daquele último post, o emprego do Tiago (Charlie's Currency) realmente me chamou pra começar a treinar, mas disseram pra eu não pedir demissão por enquanto, porque eles ainda iam ter que ver se eu seria um good fit na posição, etc, etc, etc. Aí #comofaz? Fica com 3 empregos, né... O Hells Kitchen (IHOP) que ainda não tinha largado, o Sear que já tinha começado, e o Charlie que estava treinando... Para exemplificar minha correria: Uma pessoa que trabalhe part-time em geral faz de 10 a 20 horas por semana. Uma pessoa que tenha um emprego full-time cumpre em torno de 40 horas por semana (de 38 a 42). Uma pessoa desaparafusada das idéias que nem eu que ache normal tentar conciliar 3 empregos faz quantas horas? Nada mais nada menos que 55 horas em uma semana!!! Se juntar a isso os tempos de deslocamento entre um emprego e outro sobra o quê? Uma pilha gigantesca de louça pra lavar, duas semanas de noites mal dormidas e almoçando sanduíche no metrô e uma estranha sensação de não entender direito que dia é hoje! Tcharan! Mas consegui me virar, aguentei as duas semanas, recebi a carta verde do Charlie pra mandar a coreana chupar uma manga, me contive e não mandei, mas pedi demissão simpaticamente, e ela simpaticamente até nem me pediu para cumprir o aviso prévio (que aqui são só duas semanas, mas seriam mais duas semanas de maluquice extrema, hehehe).

Assim, eis que ontem tive meu último shift na Panquecolândia, e agora posso curtir a liberdaaaaaade! Tanta liberdade que hoje até estou de folga e vou aproveitar pra ir pra praia!!! Depois eu conto como foi...

Mas antes, como é que foram essas semanas de trabalho infinito? Conta pros amiguinhos que já estão pensando em desistir: Nãããão, não desistam não! Não vou dizer que foi fácil, supimpex, de boassa... Não foi. Mas foi a morte lenta e sofrível da exaustão suprema? Também não. Não sobrava tempo pra escrever no blog, ok, a casa realmente ficou meio descuidada, ficou (até porque nesse mesmo período o Tiago estava passando pelas provas de meio de semestre - midterms - e também não estava tendo muito tempo livre), o processo culinário que a gente normalmente curte se resumiu a comidas instantâneas e arroz de gororoba... Mas a gente até encontrou umas brechinhas pra curtir a vida aqui e ali (já que nem só de panqueca vive o homem). Consegui um dia inteiro magicamente livre no meio dessas duas semanas (uma segunda feira em que nenhum dos 3 empregos me requisitou) e fui conhecer a piscina pública da vizinhança (Uma delicía! Nada luxuosa, pequena, simples, mas absurdamente bem mantida e no meio, é claro, de um parque lindo e verdejante. Foi o dia zen que eu estava precisando!) Também fomos ver Jurassic Park no cinema, fomos jantar fora cozamigos num restaurante-castelo-presídio (era um antigo presídio, contruído em formato de um castelinho simples, e que agora é um restaurante/pub bem bacaninha e com uma vista espetacular)...

Os amigos, aliás, foram a melhor parte dessas semanas malucas: Teve a Ms Moore, que ficou uns dias aqui em casa, best guest award, segurou as pontas legal, cuidou da nossa bagunça, encarou nossas gororobas de jantar, e ainda foi mega fofa e leu minha alma, me dando o melhor presente que eu poderia querer neste momento: chiquezices para um delicioso banho de banheira que cura pernas cansadas e mal olhado num único e cheiroso mergulho (sim, já estreei, Vanessa!) Também teve o casal-sensacional Ju-Abreu, que vieram, como nós tínhamos vindo em Dezembro, visitar-com-segundas-intenções... Ele eu conhecia (ainda que pouco) e ela foi uma novidade muito bem vinda, adoramos! (agora é torcer para que as intenções deles se concretizem e eles venham ser nossos vizinhos, hehehe) Eles foram também os companheiros de mais algumas escapadas nessa nossa rotina doida, como um fim de tarde, depois de um full-day de Cinderela (pra mim) e de Faculdade (pro Chuchu), passeando no parque e fazendo um piquenique na companhia de patos que vinham pedir migalhas (patos gordos e americanos, porque eu dei fruta pra eles e eles esnobaram, mas comeram uma fatia inteira de bolo e um punhado de batatas fritas), uma visita ao observatório do planetário, pra tentar ob-observar (hipócritas disfarçados rondando ao redor? Não, planetas mesmo) mas aqui nesta latitude o dia custa a ir embora, e ficamos lá até as 10:30 da noite, mas o céu ainda insistia em ser azul-clarinho, e eu já com sono, e o povo já com fome... Aí vimos uns dois planetas meio claros demais e desistimos e voltamos pra casa, hahaha.

Mas resumindo as conversas: Trabalhei feito uma condenada, Tiago virou noites fazendo trabalhos finais e estudando pra provas (que aliás, permitam-me um pequeno parênteses de orgulho matrimonial, ele esta KICKING ASSES na faculdade, tirando as maiores notas da turma, e em alguns casos, da história da faculdade), mas ainda assim, com toda a correria, Life's good! A gente está curtindo muito e aproveitando o que a cidade tem pra oferecer de melhor, e com isso eu percebi uma coisa divertida: Quando a gente veio de férias em Dezembro, uma das coisas que mais nos chamou atenção, e que a gente sempre comentava, é como as pessoas, mesmo nos mais sub dos sub-empregos, sempre pareciam felizes. Lembramos até hoje de uma velhinha latina que nos pediu licensa para limpar a mesa onde estávamos sentados num shopping, e ela falou com a gente com uma alegria e uma simpatia, e ficou cantarolando e dançarolando enquanto limpava a sujeira da mesa. Isso tinha me impressionado muito, especialmente porque não era um caso isolado. Assim como essa senhorinha estava feliz, todos os motoristas de ônibus também estavam, e os pedreiros nas obras do centro, e as atendentes do McDonalds e os guardinhas noturnos, e a moça que limpa os banheiros... E agora que eu percebi que eu sou um deles! Eu sou a mocinha que limpa as mesas do restaurante de café da manhã e eu faço isso cantando Hakuna Matata! Porque? Porque mesmo eu tendo um sub-emprego (ou no caso 3, hahaha), eu aqui sustento um estilo de vida com esse sub-emprego que me permite esses momentos de lazer e alegria durante a semana, eu tenho qualidade de vida e segurança, eu tenho acesso a coisas e serviços de uma maneira planejada, organizada e desburocratizada... Porque nós, como eles, que em sua maioria são também imigrantes, viemos pra cá pra encarar isso mesmo, pra batalhar e fincar a bandeira, e vivemos uma outra realidade em outro contexto e sabemos apreciar as pequenas conquistas da vida... Enfim, porque apesar dos pesares, life really is good!

E agora deixa eu ir que a praia me espera! Love you all!

5 comments:

  1. Já estava com saudades dessas divertidas narrativas. Rimos bastante e Marcia disse para voce não abusar de sua maravilhosa coordenação motora (recolhendo pratos e cantando Hakuna Matata?!?!?!).

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    1. Hahahaha, agora vou ser obrigada a confessar que sim, tive uns quantos acidentes de percurso nas catacumbas da panqueca... Minha camisa do uniforme pode contar essas histórias em formas que nem eu mesma consigo comprender (uma mancha de ketchup debaixo do braço, outra de café escorrendo pelas costas, uma batata frita velha presa entre dois botões... enfim, mistérios que só comigo mesmo, hahaha, ainda mais cantando hakuna matata!)

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  2. Que lições de vida está dando a todos nós! Até a mim que não tarda apareço aí já de esfregão nas mãos para limpar mesas e ir uma vez por semana me afogar na piscina.
    Dos fracos não reza a história, minha linda. E estou em crer que não tarda o "chuchu" é prof. lá na Universidade!
    A sua alegria de viver é contagiante. Eu já nem sinto dores nas costas!
    Mil beijos dos vovos

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    1. Vovô, são as lições que aprendi com vocês! Família linda que eu tenho e de que muito me orgulho!

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  3. Wow Jow! Que legal saber dessas novidades!
    Bom saber que Cotrim está arrebentando na faculdade e que você ainda mantêm sua destreza sobre humana de lidar com 1 zilhão de tarefas ao mesmo tempo!

    Mas acrescento um item aos motivos da felicidade ululante canadense, mesmo sem ter estado por ai: Ausência de HUE

    Bjos pra vocês!

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