As aventuras de dois gatinhos vira-latas Brasileiros em terras Canadenses

Thursday, April 30, 2015

Sumi mas voltei

Oi povo lindo! Ó nóis aqui de vorta! Dei uma sumida por motivos de: Marido ressuscitou do mundo dos mortos. Pra quem não soube, ele tinha ficado de cama, com umas zoeiras no ouvido e uma tontura abissal (ainda não tá 100%, mas pelo menos já está minimamente funcional). Aí como ele voltou à ativa, aproveitamos para passear e curtir um pouco, para sair pra resolver coisas, e ele também está meio que monopolizando o computador pra tentar tirar o atraso dos dias de cama nums jobs que já venceram o prazo há muito tempo...

Mas vamos contar logo essas paradas-passadas que já tô de saco cheio disso e quero me alcançar logo pra começar a compartilhar nosso dia a dia com vocês. Então onde estávamos? Ah sim, na pindaíba, hahaha. Prioridade #3: conseguir juntar dinheiro de maneira rápida para custear os gastos iniciais e nos sustentar nos primeiros meses aqui até conseguirmos a Prioridade #4: Empregos! (que por sinal, ainda não deram em nada as estrevista que venho fazendo... Vamos aguardando pra ver se alguma coisa vinga)

Bom, assim que os planos começaram a soar mais concretos eu já tinha corrido pro Excel pra fazer algumas planilhas e ver se a coisa era viável. E era.... Quase... Talvez, hahaha. Não tínhamos nenhum dinheiro economizado. Nada. Zero. Caput. Mas tínhamos coisas, e coisas são "dinheiro": Era só vender elas!

A sacanagem, com a qual a gente não estava contando, é que a faculdade que o Tiago escolheu (BCIT) pede que se pague o semestre inteiro assim, catapimba, tudo de uma vez só (algumas outras faculdades deixam pagar mensalmente, o que seria ótimo pra gente, que não tinha dinheiro pra essas brincadeiras de "me dá vários mil dólares assim na lata"). Mas o super sogro veio ao resgate e adiantou as granas, e aí voltamos ao plano de sai correndo e vende tudo!

A gente tinha acabado de acabar de montar nossa casinha, ganhamos muitos presentes, a família toda ajudou pra caramba, até famílias que eu mal conhecia mandaram presentes lá de longe, foi um momento muito lindo e muito gostoso, e cada dia uma felicidade a mais (pra quem não acompanhou essa fase da nossa vida, a gente se mudou pro apêzinho quando só tinha as paredes e um saco de dormir, e aos poucos fomos montando a casinha, e todo dia, por um motivo ou por outro, a gente suspirava e falava "Ah, agora sim já é um lar, já temos: geladeira / fotos da família / comidinha feita em casa / uma cama / lugar pras visitas sentarem / potes para mantimentos / travesseiros / etc etc").

Aí, exatamente um ano depois, começou o processo inverso: Fomos vendendo tudo, descontruindo nosso lar, voltando à fase de dormir no chão e não ter forno, de se adaptar e viver sempre mudando, mas sabendo muito bem pra onde a mudança estava caminhando e curtindo acompanhar de pertinho esse processo. A cada dia uma coisinha nova sumia, e a gente ria quando ia jogar alguma coisa fora e percebia que a lixeira não estava mais ali, ou tomava susto quando entrava na sala e não via os sofás e os móveis.

Por essas sortes do destino, que vêm nos acompanhando nesta jornada, nesse mesmo momento em que a gente estava desmontando nossa casa, amigos nossos estavam montando as deles. Um casal muito amado comprou praticamente nossa casa inteira (quase todas as coisas grandes e mais umas quantas quinquilharias) e resolveu nosso dilema de "anuncia com antecedência e corre o risco de ficar muito tempo sem as coisas, ou anuncia em cima da hora e corre o risco de não vender?!". E mais uma vez foi um momento muito feliz e gostoso, a gente vibrando com eles pela casinha nova que estava ganhando forma, eles vibrando com a gente pela nossa aventura que estava tomando rumo.

O pessoal da equipe do trabalho do Tiago e mais a tchurminha geek de amigos também fizeram a festa na montoeira de eletrônicos e tecnologices que ele acumulou ao longo da vida. Teve mães de amigos comprando o mundo (pra ajudar, eu sei, viu, e agradeço do coração), teve amigos fofos fazendo propaganda, teve família botando coisas pra gente vender também... Foi muito amor.

Também anunciamos muitas besteirinhas nos sites de vendas on-line (e todo dia tinha que ir no correio postar 3 ou 4 coisas) e fizemos duas edições de Garage Sale (Churrasqueira Sale?!) no nosso condomínio, que foram uma maluquice de tão bem sucedidas! Os vizinhos ficaram doidos, teve mulherada se encrencando pra comprar as coisas, teve gente que ficou ofendido porque não sabia que estava tendo garage sale e "perdeu" a oportunidade... A fofoca rodou e ficaram sabendo quem era o casal que "tava vendendo tudo" e aí teve duas velhinhas que bateram na nossa porta 11 horas da noite (com um poodle que quase matou os gatos do coração) pra ver se a gente tinha camas de solteiro pra vender, e teve uns romenos que sairam entrando na nossa casa, abrindo armários e gavetas e pegando as coisas que nem tínhamos colocado pra vender, abanando no ar e gritando "20 reais, 20 reais, 20 reais!", e eram tantos deles (4) e só dois da gente que foi impossível conter a maluquice. Barganharam tudo, bagunçaram um monte, levaram meia dúzia de merdas pelos benditos 20 reais (secador de cabelo, ferro de passar, fronhas) e ainda tomaram uma passada de perna do Tiago, que só de vingança fez eles comprarem 2 assadeiras usadas por 30 reais (sendo que a gente pagou 20 nelas novas). Nem sei quem é pior nessa história, os romenos ou o Tiago, hahaha.

No geral, acho que essa experiência de desapego hard-core foi muuuuuuito boa (recomendo pra todos, sem moderação). Pudemos ver na prática quanta tralha a gente acumula sem motivo, quanto consumismo.... E olha que eu sempre me considerei uma pessoa desapegada, fazia limpas no meu armário várias vezes por ano e doava tudo, se alguma amiga gostasse muito de alguma coisa, eu dava na hora (não sei se por genética ou criação, mas certamente por "mamãe"), demos muitas das coisas que ganhamos "repetidas" de presente pros amigos que estavam juntando enxoval, e nunca fomos de sair comprando tudo só de olho gordo... E mesmo assim, quando a gente teve que fazer a vida inteira caber em duas malas é que a gente viu que tudo era excesso ou apego ou os dois. Eu adorei a experiência, me surpreendi muito com os resultados (ok, também me surpreendi com os resultados financeiros mesmo, mas aqui estava falando mais dos resultados emocionais): Não foi difícil, não foi triste, foi leve. Essa é a melhor palavra. Cada coisa que ia embora, achar um novo dono, dava um peso a menos (quase literalmente, como se o peso da coisa física tivesse saído das costas) e a gente foi ficando levinho, levinho, até poder vir flutuando pra cá, hehehe.

No final, não demos conta de tudo (como eu falei, crianças, não façam essas maluquices em cima da hora, cansa horrores e sempre tem mais coisas pra "cuidar" do que você estava antecipando), e foi tão, tão corrido que largamos tudo pra trás, casa bagunçada, suja, confusa, coisas nas gavetas e pelo chão todo... E aí a família mais uma vez veio segurar a barra e cuidar do caos que a gente deixou pra trás (como eu sempre digo, quem tem família tem tudo! Amo demais!)

Mas conseguimos, e chegamos aqui, com uma poupancinha um pouco otimista, todas as nossas posses socadas em 4 malas e a promessa de um futuro em branco.

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