As aventuras de dois gatinhos vira-latas Brasileiros em terras Canadenses

Thursday, April 23, 2015

Mais um "pouco" do que já passou

Acho que todo mundo já riu bastante com minhas aventuras de ontem, né, hahaha (Obrigada pelos comentários pessoal, vocês são ótimos!) então vamos tirar mais um pouco do atraso nessa nossa longa (mas surpreendentemente curta) jornada até aqui.

Lá estávamos nós, com vistos e matrícula e faculdade paga e...? E aí? O resto todo?

Prioridade #1: Passagens. Papai salvou a pátria com umas milhagens/pontuações, marcamos as datas, reservamos as passagens dos gatos (a Fórmula Turismo fez todo o trabalho nesse sentido, então foi menos uma dor de cabeça! Eles foram realmente ótimos), e rapidinho resolvemos isso. Belê! Dia 9 de Abril estaríamos zarpando pra essa nova aventura. E dia 10 de Abril? Viraríamos mendigos canadenses?

Prioridade #2: Arrumar casa! (comida e roupa lavada não estavam ainda na lista de prioridades) Saímos olhando o Craigslist (uma espécie de classificados on-line super badalado, onde se pode anunciar - ou solicitar - quase qualquer coisa/objeto/casa/emprego) e mandando e-mails gernericos de "Oi, estamos nos mudando pra Vancouver... felicidade, felicidade... Gostamos do seu apartamento... felicidade, felicidade... Vai estar disponível em Abril?... Ingenuidade, ingenuidade... Você faria um desconto no aluguel?.... mais ingenuidade, mais ingenuidade... Obrigada-beijo-tchau". Logo de caras quase caímos num scam (inglês para trapaça, trambique, falcatrua, zuêra-dum-fiu-duma-égua).

Um apartamento maravilhoso, resplendoroso, bem no centro da cidade (Tiago iria à pé pra faculdade), todo chiquetosamente mobiliado, por 600 dólares por mês, e o amiguinho, um amor de pessoa, ainda respondeu que faria um desconto sim, faria por 500/mês. Estávamos no céu. A única condição era que, para segurar o apartamento até Abril (ainda era começo de Março), ele pedia que pagássemos adiantado... Aí devia ter soado o alarme, mas não soou, achamos razoável até (santa inocência). Perguntamos se podíamos visitar antes, o cara disse "Sure, of course" (pensando, provavelmente, que estávamos jogando verde, pois como íamos visitar se estávamos no Brasil?). Aí marcamos com um amigo nosso de ir lá e o cara sumiu, escafedeu-se, nunca mais deu as caras. Pronto, fim da história, mega decepção, e super medo de cair numa armadilha dessas de novo.

Mas continuamos olhando, agora com os sentidos mais escaldados, descobrimos mais uma meia dúzia de sacanagens, mas o mais importante: descobrimos que não dá pra alugar casa em Vancouver à distância, e, principalmente, à longo prazo. Tudo aqui é rápido demais, descomplicado demais, tudo acontece na hora e no ato (citando o chuchu: "Finalmente moro numa cidade que é mais rápida que eu"). Então no que a gente começava a trocar e-mails com algum "anunciante", ia um e-mail. voltava outro, tentávamos verificar se não era scam fazendo perguntas mais específicas e vendo o padrão das respostas, procurando coisas no google, mandava mais um e-mail e já era, tínhamos perdido a chance e o apê tinha sido alugado pra outra pessoa. Tudo isso em 2 - 3 dias! Às vezes menos, no mesmo dia que anunciava já alugava e acabou a conversa.

Se não dava pra ser com antecedência, então que fosse em cima da hora: Deixamos pra olhar na semana antes da viagem (gueeeenta coração!). Aí vem toda a pesquisa de novo, horas scrolling o Craigslist e tentando sair fora dos scams, horas mandando e-mails genéricos (dessa vez com "estamos nos mudando para Vancouver semana que vem"), e ainda assim sem nenhuma sorte, tudo alugava antes da gente conseguir piscar 4 vezes. E pela diferença de horários, essa cominucação ficava ainda mais esquisita.

Como estávamos nadando pra morrer na praia, passamos a ser menos seletivos um pouco: A princípio queríamos um cantinho só nosso, podia ser um apartamento, um basement suite (muitas casas fazem pequenos apartamentos independentes em seus porões, com entrada separada, cozinha, sala, quarto, tudo certinho. Pequeno, mas normalmente mais em conta que um apartamento mesmo), podia até ser um studio, um cafofinho em cima da garagem, qualquer coisa, contanto que garantisse alguma privacidade. Mas em vistas das dificuldades, passamos a considerar alugar quartos em casas de pessoas (o que não seria o ideal, mas pelo menos compensaria por ser significativamente mais barato). Passamos a essa nova fronte de ataque, mas esbarramos com outra dificuldade: Ninguém aluga quartos para um casal. Normalmente quem faz esses esquemas de roomate são estudantes solteiros, então todas as (poucas) respostas que recebmos foram negativas. Não desanimamos (Joseph Climber já dizia: "A vida é uma caixinha de surpresas" - quem não conhece, clique no link para rir mais um pouco, vale à pena) e continuamos mandando nossos e-mails genéricos.

Aí um belo dia chegamos em casa depois do trabalho e fomos olhar e tínhamos 8 e-mails do Craigslist! Ô louco, do nada todas as pessoas responderam de uma vez só?! Não: Do nada UMA pessoa respondeu de todas as vezes só, hahaha. Vários e-mails da mesma pessoa com mensagens muito esquisitas... O primeiro e-mail eram só 3 palavras "You seem perfect" e pronto - clicar em enviar! (Como assim?) Segundo e-mail "Uau, que coincidência que vocês são brasileiros! Eu estava agora mesmo dançando samba no meio da minha sala de estar! Deve ser destino" (Whaaaaaat?!). Terceiro e-mail "Poxa, que pena que eu já aluguei o quarto para outra menina, mas eu queria mesmo alugar pra vocês então por favor me respondam se ainda quiserem pra eu poder cancelar o contrato com ela e deixar o quarto disponível para vocês". Do quarto e-mail em diante eram versões levemente modificadas (mas igualmente creepy) da mesma coisa, todos roando em torno de "Respondam logo, por favor" e "Me liguem no Skype URGENTE" (e tudo com minutos de intervalo). Eu achei estranhíssimo, mas o Tiago queria ligar mesmo assim pra ver qual era a da mulher. Antes, fomos olhar de novo a descrição dela e do anúncio no Craigslist, e era mais ou menos nos seguintes termos: Aluguei um apartamento maravilhoso, mas é grande demais para uma pessoa sozinha, e eu gosto de ter a casa cheia, então estou procurando roomates. De preferência um casal, porque gosto muito de companhia, então quanto mais gente melhor. Eu sou uma Professional Cuddler (tradução livre: Aconchegadora Profissional), então por favor tenham animais de estimação para eu poder aconchegar em casa. Não conhecíamos esse termo (profissão?!) Professional Cuddler, mas pela composição da frase achamos que era algo relacionado com cuidar de animais (tipo uma versão mais fru-fru de um Pet Sitter ou algo assim). Raciocínio: Ela aconchega animais no trabalho, e quer algum pra aconchegar em casa. Nível de incocência: Over 9000. Tiago chegou a comentar "Ah, ok, ela talvez seja uma personalidade meio excêntrica, mas olha, ela trabalha com bichinhos, pode ser uma boa oportunidade pra você conseguir um emprego". HA. HA. HA.

Mas como não custa -literalmente- nada fazer uma ligação pelo Skype, lá fomos nós ligar pra mulher. Por incrível que pareça ela tinha o aspecto mais normal possível, uma voz tranquila e um jeito calmo de falar. Aí quando eu já estava quase me arrependendo dos meus preconceitos iniciais, ela começou a soltar as maluquices. "Acho que a gente se daria muito bem, primeiro porque vocês são brasileiros e brasileiros costumam ser mais liberais, e segundo porque tem nível universitário, então devem ser pessoas mais mente-aberta, e eu preciso de pessoas mente-aberta como roomates... Porque como vocês devem ter lido na descrição, eu sou uma Professional Cuddler..." Aí ela explicou o que seria isso. Basicamente, ela tem uma empresa que agencia Abraçadores Profissionais. Não, não de animais, de gente mesmo. Sim, pessoas pagam para ser abraçadas. Sim, pessoas trabalham abraçando estranhos em troca de dinheiro. E ela promove Cuddling Parties em casa (na casa onde a gente supostamente iria morar) então nós tínhamos que estar ok com eventualmente chegar em casa e ter 20 pessoas espalhadas pela casa (chão, sofás, camas) se aconchegando, se aninhando e dormindo de conchinha. OI?! Nesse momento acredito que nossos olhos devessem estar um tanto arregalados, enquanto nossos sorrisos tinham ficado congelados numa tentativa de não parecermos rudes/preconceituosos. E ela de fato me ofereceu um emprego (O.o). Ah, e ela também comentou que nós tínhamos que ser mente aberta porque ela era muito, muito, muito loud quando, eerrrr, bem, quando ela fazia algo mais que aconchegar.

E essa era basicamente a única opção que a gente conseguiu.... E ainda por cima era bem o que a gente precisava: Pet Friendly (aceitava - e até encorajava - animais), aceitava - e também incentivava - casais (só Deus sabe com quais segundas intenções), era bem localizado e relativamente barato. E já estava quase chegando o dia da viagem e ainda não tínhamos lugar pra ficar! E aííííí?....... Não, não aceitamos, HUAHUAHUA.

Seguimos conselhos e reservamos um hotel para os primeiros dias (4 noites apenas, já que pelos vistos aqui se aluga apartamento de uma hora pra outra). E depois que já tínhamos o hotel pago ainda recebemos a mais gentil oferta de um grande amigo do meu pai (Father Richard, o Padre mais legal ever!), que se propôs a nos receber pelo tempo que fosse preciso. Acabou não sendo preciso mesmo, mas isso vai ficar pra um próximo e-mail (e a gratidão vai ficar pra sempre).

Também ficará para depois o desenrolar da Prioridade #3: Conseguir dinheiro para nos sustentar nos primeiros momentos até que se concretizasse a Prioridade #4: Conseguir um emprego.

Aguardem as próximas postagens para saber quais foram as muitas peripécias na saga pra arrumar dindin pra bancar a aventura.

E agora chega que já abusei muito da paciência de vocês. Beijos enormes (num post enorme)!!!

5 comments:

  1. Vou recomendar a Professional Cuddler ao tio João! Ele está a precisar duns cuddles femininos!!!!!!!!!!!!

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  2. Vou recomendar a Professional Cuddler ao tio João! Ele está a precisar duns cuddles femininos!!!!!!!!!!!!

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  3. Hahahaha que delícia de histórias. Estou adorando as aventuras

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  4. Hahahaha que delícia de histórias. Estou adorando as aventuras

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